O efeito das águas termais no tratamento da asma

A Asma é uma doença das vias respiratórias, caracterizada pela hipersensibilidade da árvore traqueobrônquica a vários estímulos. Existem algumas causas prováveis para explicar o aumento da reactividade das vias respiratórias, mas o mecanismo básico ainda é desconhecido. A hipótese mais aceite é a da inflamação das vias respiratórias.
A fisiopatologia relaciona-se com edema da mucosa brônquica, hiperprodução de muco nas vias aéreas e contracção da musculatura lisa das vias aéreas, com consequente diminuição do seu diâmetro (broncoespasmo).

Manifesta-se clinicamente por paroxismos de dispneia, tosse e sibilos. A asma é uma doença episódica, na qual as exacerbações agudas são intercaladas por períodos assintomáticos. A broncoconstrição é geralmente reversível, porém em doentes com asma crónica a inflamação pode determinar obstrução irreversível do fluxo aéreo.

As características patológicas incluem a presença de células inflamatórias nas vias aéreas, exsudação de plasma, edema, hipertrofia muscular, rolhões de muco e descamação do epitélio.

O diagnóstico é essencialmente clínico e o tratamento consta de medidas educativas e farmacológicas: broncodilatadores e antiinflamatórios (corticóides).

Os tratamentos termais surgem como uma importante terapêutica complementar que não deve ser menosprezada pela comunidade científica.

O Balneário, enquanto agente terapêutico, reúne a conjunção de quatro elementos importantes:

– A acção terapêutica específica dos elementos químicos da água minero-medicinal;
– Os efeitos derivados da acção do calor e da pressão, na aplicação da água;
– A repercussão no organismo da situação climática da zona, que é individualizada em cada balneário (temperatura, pressão atmosférica, humidade relativa, altitude…);
– O próprio ambiente balnear, em que se constituem comunidades terapêuticas e a repercussão psíquica sobre o indivíduo e o grupo.

Estes elementos contribuem para a realização de um efeito dinamizador, que produz uma estimulação, a qual provoca um estado de maior resistência, ampliando as possibilidades terapêuticas.

A Água das Termas de S. Jorge, do ponto de vista químico é de natureza sulfúrea, bicarbonatada sódica.

A acção das águas sulfúreas deriva do enxofre reduzido e de cada um dos componentes iónicos que fazem parte da mineralização de cada balneário. Em ORL as nossas águas sulfúreas são administradas sob a forma de irrigação, inalação, pulverização, nebulização e aerossolização.

Assim as águas sulfúreas possuem acção eutrófica da mucosa respiratória, facilitando a recuperação e fluidificação fisiológica do muco e actividade ciliar. Por outro lado os termalistas nas termas estão sujeitos a um ambiente quente e húmido, o que se torna adequado para efeitos de “cura”, basicamente por melhorar a funcionalidade do sistema respiratório, por hidratá-lo. Na prática um ambiente com estas características melhora o deslizamento do muco, favorece a libertação de secreções, diminui a obstrução do fluxo do ar na expiração, e reduz substancialmente a fadiga respiratória. Permite também diminuir a prescrição de antibióticos com consequente redução do aparecimento de resistências.

Conclusão: a cura termal deve ser considerada um tratamento complementar preventivo e curativo, mas não substitutivo.

 

Dra. Zélia Monteiro

Médica hidrologista das Termas de S. Jorge